Nos dias 29 e 30 de maio, a Redes da Maré, a ONG Movimentos e equipamentos públicos de saúde, saúde mental e assistência social, atuantes no Conjunto de Favelas da Maré e entornos, realizarão a 6ª edição do Fórum sobre Drogas na Maré, no Espaço Normal (Rua 17 de fevereiro, 237 - Parque Maré), de 9h às 16h.
A programação contará com mesas que discutirão a atual conjuntura da política de drogas no Rio de Janeiro, entendendo qual futuro queremos enquanto política pública, a partir de cada serviço público, entre outros atores, além dos impactos da política de segurança pública nesse contexto e como tem sido a prática da redução de danos nos territórios. Nos dois dias também haverá ações de intervenção artística, oficinas de azulejaria, dança, entre outras. Não é necessário inscrição prévia.
Sobre o Fórum sobre Drogas na Maré
Criado em 2016, o Fórum surgiu do desejo de serviços e iniciativas que atuavam no Conjunto de Favelas da Maré de uma maior aproximação, articulação e fortalecimento da rede de serviços da saúde, saúde mental e assistência social. Na prática, os desdobramentos do Fórum se dão por meio do Atenda - uma ação integrada entre serviços públicos da saúde, assistência social e saúde mental que acolhe e assiste a população em situação de rua e domiciliada da Maré e redondezas, semanalmente.
A assistente social do Espaço Normal, Priscila Niza, explica que são mais de dez anos de história do próprio contexto político e econômico do Rio de Janeiro que influenciaram a criação do Fórum. “Em 2012, houve a implementação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na cidade, o que provocou a migração de vários usuários de álcool, crack e outras drogas do Jacarezinho e Manguinhos para a Maré. As obras realizadas na cidade também influenciaram a circulação e itinerância desta população, como as obras devido à Copa do Mundo no Brasil, a Jornada Mundial da Juventude e outros, provocando, o que se entendia enquanto necessária, uma limpeza do espaço urbano. Assim como a agenda de segurança pública do Rio de Janeiro”.
Ela acrescenta que esses e outros acontecimentos sociais, políticos e econômicos estimularam ainda mais a circulação da população em situação de rua pela cidade e a grande e crescente multiplicidade de cenas de uso. “Paralelo às ações violentas, surgem nesses locais serviços de saúde e assistência social, pautando a garantia de direitos.”.
Hoje, integram o Fórum representantes do Espaço Normal, do Maré de Direitos e da Casa das Mulheres da Maré (Redes da Maré); CAPSAd Miriam Makeba; CAPS Carlos Augusto Magal; CAPSI Visconde de Sabugosa; Consultório na Rua Manguinhos; Unidade de Acolhimento Adulto Metamorfose Ambulante; Centro Pop José Saramago e Movimentos.
Redução de danos como prática de saúde ampliada
A Redes da Maré entende que há, cada vez mais, uma necessidade de intervenções/ações voltadas para o cuidado e a garantia de direitos de pessoas que estão em situação de rua e/ou possuem questões de saúde mental e o uso abusivo de álcool, crack e outras drogas, por meio de políticas públicas e articulações com equipamentos públicos de saúde, saúde mental e assistência social.
Desde 2015, a organização trabalha com a temática da redução de danos, que incluem políticas, programas e práticas para reduzir consequências econômicas, sociais e de saúde, sem ter a abstinência como um pré-requisito.
Um dos primeiros passos foi o estudo feito em 2015 - “Meu nome não é cracudo” - que desenvolveu um processo de aproximação à cena aberta de consumo da rua Flávia Farnese, na Maré, oferecendo escuta ativa, atendimentos individuais, cuidados de higiene, sessões de cinema, entre outras atividades, que possibilitaram a criação de vínculos e, mais tarde, a formação do Espaço Normal, criado a partir das demandas dos próprios usuários. Inaugurado em 2018, o equipamento tem como proposta ser um espaço de convivência, com temáticas de saúde mental, drogas, redução de danos e outros, para a região da Maré e para a cidade como um todo.
Veja a programação completa da 6ª edição do Fórum sobre Drogas na Maré:
Dia 29 de maio
Mesa de abertura - 9h
“Qual futuro queremos enquanto política pública, a partir de cada serviço?”
Mesa 1 - 10h às 12h30
“Conjuntura atual da Política de Drogas”
Lucas Brandão, Redutor de danos do Espaço Normal e usuário CAPSad III Miriam Makeba.
Denis Petuco, redutor de danos e sociólogo, é pesquisador em saúde pública no Laboratório de Educação Profissional em Atenção à Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (LABORAT/EPSJV/Fiocruz).
Daniel Elia, coordenador de Atenção Psicossocial SES/RJ
Flávia Fernando, médica psiquiátrica antimanicomial e antiproibicionista. Mestra e doutora em Psicologia pela UFF. Supervisora clínico institucional no CAPS-ad Raul Seixas e no Consultório na Rua do Jacarezinho.
Mediação:
Daniel de Souza, articulador do Consultório na Rua de Manguinhos, articulador da Rede Nacional de Consultório na Rua e de Rua. Pai do Francisco.
Almoço - 12h30 às 13h45
Intervenções artísticas - 13h45 às 16h
Movimentos
Oficina de dança livre
Oficina de Azulejaria com o Eixo Arte, Cultura, Memórias e Identidades
Oficina de bijuteria do Makeba Bijus com o CAPSAD Miriam Makeba - uma iniciativa de geração de renda e trabalho para usuários que são acompanhados pelo Caps
Dia 30 de maio
Mesa 1 - 9h às 10h45
“Os impactos da política de segurança pública na política de drogas”
Convidados:
Aristênio Gomes, historiador, educador popular e coordenador de Educação e Pesquisa do Movimentos.
Suzy Dornellas, trabalhadora do CAPSad III Miriam Makeba e moradora da Maré.
Nathalia Oliveira, socióloga, co-fundadora da Iniciativa Negra, gestão e governança na Plataforma Brasileira de Política de Drogas.
Mediação: Isabel Barbosa, pesquisadora do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos, bacharel em Serviço Social e técnica em Vigilância em Saúde.
Mesa 2 - 11h às 13h
“Redução de Danos e a prática em territórios”
Convidados:
Douglas Paiva, psicólogo do CAPSad III Miriam Makeba.
Lorrayne Sabatelli, redutora de danos do CAPSad III Miriam Makeba e moradora da Maré.
Claudia de Castro, assistente social da Secretaria Municipal de Assistência Social, atualmente lotada no Centro POP José Saramago.
Espaço Normal, Vanda Canuto, redutora de danos, coordenadora do Espaço Normal e graduanda em psicologia.
Daiane Cardoso dos Passos, redutora de danos do Espaço Normal e moradora da Maré.
Erika Rodrigues Silva, assistente social (UFRJ), especializada em saúde mental (IPUB - UFRJ).
Daniel de Souza, articulador do Consultório na Rua de Manguinhos, articulador da Rede Nacional de Consultório na Rua e de Rua. Pai do Francisco.
Mediação: André Galdino, redutor de danos do Espaço Normal, coordenador de incidência do Movimentos e graduando em Direito na UERJ.
Almoço - 13h às 14h15
14h15 às 15h30
Oficina de brincadeiras: “Brincar como estratégia de Redução de Danos” com o CAPSI Visconde de Sabugosa
Maré de Belezas com Casa das Mulheres da Maré
SILK com a Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) Metamorfose Ambulante
Encerramento - 16h
Desfile para fomentar o cuidado e a autoestima dos usuários do Espaço Normal e equipamentos parceiros
Bolo em comemoração aos 6 anos do Fórum
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