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Política de morte no Rio de Janeiro

Operação policial na Vila Cruzeiro se transformou na 2ª maior chacina do estado com 25 mortos

 

Em meio aos debates da urgência de um plano para redução da letalidade policial, os agentes do Estado seguem batendo recordes no número de mortes em ações da polícia nas favelas do Rio de Janeiro. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, somente em 2021, aconteceram 59 chacinas na região metropolitana do estado, resultando em 246 mortos

Na madrugada desta terça-feira (24/05), mais uma vez, moradores da Vila Cruzeiro, na Zona Norte, acordaram ao som de tiros. Uma operação policial com forte aparato bélico comandada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deixou pelo menos 25 mortos em mais de 12 horas de ação. Uma mulher foi atingida dentro de sua própria casa.

A polícia não pode, em um estado democrático de direito, executar pessoas, mesmo que sejam suspeitas ou ainda sob flagrante de algo ilícito, que não é o caso num contexto de 25 mortes ao longo de um dia. Devemos parar de normalizar essa lógica. A ação deve ser chamada pelo nome que ela tem: chacina!

O número indiscriminado de execuções em ações da polícia não é uma intercorrência ou uma exceção, mas caracteriza a conduta da política de segurança pública administrada pelo governo do estado. Uma política que permite que agentes públicos entrem na favela e deixem corpos no chão sem nenhuma preocupação com o processo legal.

Historicamente, a política de segurança pública de enfrentamento vem sendo utilizada como principal pauta em campanhas políticas. Em ano de eleição, setores conservadores seguem oferecendo a morte da população pobre, preta e favelada em troca de um suposto fim do complexo problema da violência urbana. A política de morte justificada pela suposta “guerra às drogas” só serve para brutalizar ainda mais as polícias, que continuam sem capacidade de usar inteligência e investigação para desarticular grupos armados que praticam atividades ilícitas.

A Redes da Maré se solidariza com os moradores da Vila Cruzeiro, sobretudo com os familiares das vítimas, e repudia qualquer ação que vai de encontro com os princípios do Estado Democrático de Direito.

 

Tecedoras e Tecedores da Redes da Maré.

 

 

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2022

Foto por: Kamila Camillo, psicóloga do eixo Educação da Redes da Maré e fotógrafa.

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