Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.
Assim que a pandemia se instaurou no Rio de Janeiro, Fernandinha sentiu que quando o vírus chegasse na Maré, ia dar de cara com a ausência de políticas públicas para as demandas do território. Então, não teve dúvidas: chegou junto, logo ali em março, para somar na campanha ‘Maré diz NÃO ao Coronavírus’. Passou por diversas frentes: atendimento ao público no Centro de Artes da Maré, atendimento do Maré de Direitos, distribuição e organização da logística das cestas básicas e kits de higiene, fez visitas domiciliares, colaborou na organização do banco de dados e, por fim, em ações de saúde na Maré.
A tecedora achou positiva e de muita sensibilidade a iniciativa da Redes da Maré de atuar, desde o início da pandemia, para amenizar os danos da insegurança alimentar. Mesmo tendo nascido e vivido toda a vida na Maré, esse tempo de trabalho com a campanha a fez perceber que esse momento evidenciou muitas mazelas que existem aqui e a importância desse trabalho para tantas pessoas. “A minha vida toda foi permeada por uma rede de cuidados, que me garantiu, inclusive, a sobrevivência em muitos momentos. Ter essa rede de apoio é muito importante para o favelado, mas e quando esta também está fragilizada, quem te assiste? Infelizmente não foi o Estado, que era quem deveria ter feito. Fomos nós mesmos, que fizemos com muita boa vontade”, comentou.
Para Fernandinha, foi uma surpresa boa ser convidada para assumir a coordenação do polo de testagem do Conexão Saúde - de Olho na Covid, projeto realizado em parceria com outras organizações. Mas foi seu empenho e vontade de fazer e fortalecer seu caminho que a fez conquistar esse lugar. Na Redes da Maré e em casa. Ela conta com orgulho que agora é a outra Fernandinha, sua filha de 12 anos, que chama a sua atenção para muitas questões sociais. Arthur Viana, seu filho mais velho, também está nesse caminho e integra o eixo como mobilizador territorial.
É impossível para Fernandinha sair desse momento de pandemia da mesma forma que entrou. Ela destacou a percepção sobre como lidamos com o próximo. “Olhar o outro tá sendo diferente na pandemia”. Apesar de não estar otimista com o cenário pós-pandemia, ela espera que os sentimentos de empatia e paciência permaneçam: “que a gente passe junto e nos cuidando”.
Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2020.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS @ 2024 REDES DA MARÉ - Associação Redes de Desenvolvimento da Maré
As imagens veiculadas neste site tem como objetivo divulgar as ações realizadas para fins institucionais. Entendemos que todas as fotos e vídeos têm o consentimento tácito das pessoas aqui fotografadas / filmadas, mas caso haja alguém que não esteja de acordo, pedimos que, por favor, entre em contato com a Redes da Maré para a remoção da mesma (redes@redesdamare.org.br).