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Elivanda Canuto

Garra para trabalhar pela Maré!


Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.

Elivanda Canuto (42), ou Vanda, chegou na Maré com 9 anos, mais precisamente na Vila do Pinheiro, e ali construiu sua vida. A cearense tem dois filhos e desejos pessoais em prol do coletivo. O trabalho como redutora de danos no Espaço Normal é um deles. Ela sempre quis ajudar pessoas, e poder fazer isso como trabalho, no território onde mora, faz toda a diferença.

 

Apesar do longo período morando na Maré, Vanda começou a circular nas outras favelas do território somente a partir do trabalho que iniciou em 2016, quando começou a trabalhar nas cenas de uso de drogas, locais que tinha medo de passar, como muitas pessoas. Foi através do Fórum de Drogas da Maré que conheceu o trabalho da Redes da Maré: “todos os espaços para pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas são fora das favelas, ou seja, o acesso é mais difícil. Quando eu soube do Espaço Normal, me apaixonei pela ideia desde o início. Percebi que era onde eu queria estar”, comentou. E foi onde começou, em janeiro de 2019: “pra mim, é importante estar trabalhando no território onde eu moro, é o que eu preciso”.

O início da Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus, que já previa uma frente pra seguir acompanhando essa população, mesmo na rua, encheu a Vanda de medos e dúvidas sobre os riscos de trabalhar na rua, e a exposição que isso poderia representar para a própria família. Mas o passar dos dias e a sensação de que “não podia ficar em casa sabendo que tinham outras pessoas precisando” a fez arregaçar as mangas e ir para as ruas: “Eu tinha que estar na batalha pra ajudar as pessoas que não podiam se proteger”. Vanda segue trabalhando diretamente na prevenção com a população em situação de rua e nas cenas de uso de álcool e outras drogas da Maré - e dos beneficiários do Espaço Normal, agora que o espaço está fechado por conta da pandemia.

Ela nos contou um pouco das visitas que realizou para entender as condições em que alguns frequentadores do Espaço, que são domiciliados, se encontravam. Nessas visitas, viveu algumas das cenas que mais a marcaram nesse momento. "A desigualdade e a vulnerabilidade fazem com que o domiciliado prefira o Espaço (Normal) ou a própria rua”, destacou.

Antes da pandemia, Vanda já tinha iniciado um processo para conquistar outro objetivo que certamente será canal de mais frutos para a população da Maré: ela participava do Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré, que não conseguiu dar continuidade durante a pandemia, mas pretende retornar. Vanda quer fazer faculdade de Serviço Social. E para os moradores da Maré, o que espera para frente: “que tenham mais garra, mais vontade de lutar pelo que é nosso de direito”. Que se inspirem em você, Vanda!

 

 

 

 

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2020.

 

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