Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.
Alessandra nasceu no Parque União e aos 7 anos foi morar com a família, na Vila dos Pinheiros, em uma das casas do Banco Nacional de Habitação (BNH), onde vive até hoje. Chegou na Redes da Maré, quando soube da vaga para trabalhar na equipe de apoio, por indicação do amigo e vizinho, o nosso colaborador Helio Euclides. Ele já conhecia uma qualidade da Alê que acabou ficando famosa aqui na Redes da Maré, o tempero da comida dessa mareense.
“Antes de trabalhar aqui, eu nem conhecia o trabalho da Redes. Nunca me senti tão bem trabalhando em um lugar”, comenta ela, que em março completará três anos aqui com a gente. Além da segurança que sente por trabalhar perto de casa e ter sua renda própria, ela destaca a forma como é acolhida por todos, da direção aos visitantes: “aqui a gente se sente acolhida e abraçada pelas pessoas”.
Durante a pandemia, Alê trabalhou na Casa das Mulheres da Maré na produção das refeições, que nesses últimos sete meses chegou a cerca de 50 mil e seguem sendo entregues à população em situação de rua. “Desde março, foi todo mundo somando junto. Ninguém correu de nada”. Uma das coisas que mais chamou a atenção dela durante a campanha foi esse espírito de trabalho com força e em conjunto.
Tem sido marcante para ela também poder se aproximar e conhecer melhor a situação do território. Uma cena que a marcou muito foi durante a distribuição de cestas básicas, na Praia de Ramos: quando chegou em um prédio ocupado por muitas famílias, um menino, de cerca de 7 anos, comemorou demais a chegada dos alimentos. “Nem a gente que mora aqui sabe as condições que muitas famílias vivem”, desabafa.
Com tudo o que ouviu e viu durante esses meses, o que Alê espera para o pós-pandemia é “que o ser humano seja mais compreensivo, mais amigo, que ajude mais o outro“ e que todo esse olhar de solidariedade continue. Tomara, Alê!
Rio de Janeiro, 03 de novembro de 2020.
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