Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.
A relação próxima da creche com a Redes da Maré possibilitou que ela conhecesse os cursos, ações e oportunidades da organização. Participou do curso de informática, aula de consciência corporal e dança de salão no Centro de Artes da Maré, e do Curso Pré Vestibular. Em 2014 foi convidada a integrar a equipe da Biblioteca Popular Escritor Lima Barreto, onde atua como coordenadora.
Apesar da relação com a Maré já existir desde o início do trabalho voluntário com a creche, foi em 2016 que Luciene decidiu também vir morar na Maré, na Nova Holanda. Mas foi ao longo da Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus que Luciene acessou muitos lugares na Maré. Ela conta que circulava praticamente dentro de um mesmo eixo, pelas ruas do Parque União, Nova Holanda e Rubens Vaz. “A campanha me fez perceber o quanto a Maré é rica em sua diversidade, mas também senti o sofrimento das pessoas, ficou gritante a vulnerabilidade social em que muitas famílias se encontram”
E para Luciene, acessar essas famílias mais pobres, que já sofriam com a ausência de direitos e que se intensificou com a pandemia, também evidenciou a importância do trabalho da Redes da Maré e o legado de mobilização da organização que é muito importante para o território da Maré. “Fazer parte disso é extremamente gratificante e motivador como ser humano.” Na campanha Luciene trabalhou na entrega de álcool em gel nas residências, na entrega de cestas básicas e kits de higiene, fez entrevistas sociais por telefone e presencialmente. Para ela foi marcante a certeza de que todo o trabalho, mesmo com o cansaço físico e psicológico em meio a pandemia foi essencial e era necessário participar do trabalho na campanha, mesmo sabendo dos riscos de estar na linha de frente do contato com as pessoas: “hoje a gente grita pela vacina, mas naquele momento as famílias gritavam porque tinham fome”.
Para o futuro ela espera que esse mundo tão desigual e incoerente, seja mais justo, mais igualitário. Que as pessoas possam ter acesso à direitos básicos, que hoje ainda são negados, como o direito à alimentação. “Que a população da favela possa acessar lugares que hoje são negados e as pessoas possam valorizar coisas simples da vida como estar com os amigos, e familiares, tendo um olhar mais acolhedor e menos egoísta”.
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