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Andreia Martins

Um encontro com a luta por direitos na Maré


Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.

Andreia Martins (49) chegou na Maré em fevereiro de 2001, direto da cerimônia de sua colação de grau na Graduação de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisadora em educação não conhecia nossa região e não tinha experiência em instituições da sociedade civil. Hoje, integra a direção da Redes da Maré e não se vê sem essa proximidade com o território: “sou muito grata a tudo e a todos que permitiram que eu fizesse parte desse projeto de luta e garantia de direitos para moradores da Maré”.

Andreia nasceu e cresceu em Duque de Caxias e ingressou na universidade aos 23 anos, depois de ter começado a trabalhar. Ela veio para a Maré para dar aulas de redação em algumas escolas daqui, e com essa oportunidade foi conhecendo o território e percebeu que sua trajetória na vida acadêmica foi parecida com a de muitos jovens mareenses. Fez mestrado na PUC-Rio, estudou qualidade de ensino, e também fez doutorado, sempre com base no trabalho ligado às questões da educação na Maré. Atualmente, acompanha os projetos de Educação da Redes da Maré, um eixo estruturante e ligado à origem da organização.

Durante a campanha ‘Maré diz NÃO ao Coronavírus’, Andreia trabalhou em muitas frentes: ajudou as equipes do banco de dados, das entrevistas sociais e de captação de recursos, além de organizar e realizar entregas das cestas básicas e kits de limpeza. “Hoje, a Redes da Maré se consolidou como uma instituição de referência no setor para outras instituições que trabalham por um mundo mais justo”, comenta.

Mais do que o reconhecimento, para Andreia, a Redes da Maré é uma instituição legitimada pelos moradores da Maré. As iniciativas desenvolvidas pela organização seguem uma metodologia que inclui mobilização social e produção de conhecimento, “o que faz com que haja maior legitimidade no diálogo com o poder público e com parceiros que se sensibilizam e expressam o desejo de apoiar nossas ações”, observa a pesquisadora, e conclui: ”a Redes da Maré é gigante como a Maré, traz a potência e o poder de mobilização e de luta dos moradores.”

Nesse momento, com o aumento dos números de casos e de óbitos por COVID-19, para a pesquisadora, fica difícil pensar no que esperar do momento pós-pandemia pois teremos um longo caminho de luta contra a covid pela frente. Um agravante é um cenário ainda pior quanto a desigualdade social no país e no mundo. O que se espera é que a população de favelas e periferias sofra ainda mais com a negação de direitos básicos como moradia, saúde, educação, segurança pública. “Essa situação exigirá de todos aqueles que trabalham pela garantia de direitos mais articulação e trabalho em rede para, de forma coletiva, mitigarmos os efeitos devastadores que teremos nos próximos anos, não só por conta da pandemia mas por todo um contexto político nacional”. (Foto Yasmin Velloso / Fundo Malala)

 




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