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Marcos Diniz

Arte que transforma


Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.

Marcos Diniz (34) é um escritor e ator mareense, nascido e criado no Parque União. A primeira aproximação com a Redes da Maré aconteceu na oficina de extensão da Cia Marginal, companhia que tem uma trajetória marcada pelo compromisso político de levar a arte da favela para o resto da cidade, do país e até do mundo, e que deu origem ao Grupo Atiro. Hoje, ele trabalha como assistente de produção e mediação cultural no Centro de Artes da Maré, espaço que é sede da Cia.“ O Centro de Arte é de certa forma um oásis para o território”, resume.

A participação na oficina não foi a única experiência de Marcos em projetos sociais. Ele integrou o “Rap da Saúde”, um projeto de promoção de saúde voltado para jovens; o projeto internacional chamado Bairros do Mundo, que consistia em criar ações e dar voz aos jovens em seus territórios; fez um curso de monitores e estagiou no Museu da Vida, na Fiocruz e foi jovem promotor de saúde do projeto Adolescentro, projeto que o levou a conhecer e participar das oficinas de artes da Redes, segundo ele.

Porém, antes mesmo de acessar o Centro de Artes para participar da formação em teatro, Marcos já frequentava o espaço para assistir espetáculos com amigos e via o equipamento como um “local para ter acesso à arte”. Esse reconhecimento é o que continua motivando o ator a integrar o trabalho dessa equipe. “Sendo uma pessoa da arte, fico extremamente feliz e realizado em ver que no território da Maré existe um espaço que pensa e propõe levar arte para a favela em que ele está inserido, já que não é toda favela que tem um local que possa proporcionar cultura aos seus moradores.”

Marcos destaca também a importância do investimento em arte nos territórios periféricos. "Nas favelas se produz teatro, música, literatura, audiovisual, artesanato, grafite, gastronomia, design, costura e muito mais coisas", enfatiza o escritor. “Somos potência, e mais que tudo, fazemos resistência com a nossa arte, então mais do que nunca acredito que devemos investir na arte e na cultura nas favelas”. Para ele é importante que a cidade passe a consumir também o que a favela produz, e não apenas o movimento contrário que geralmente é pensado.

Na campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus, Marcos trabalhou junto à coordenadora do eixo Arte, Cultura, Memórias e Identidades, Pâmela Carvalho, no acompanhamento e recebimento diário das doações. Também participou do atendimento ao público, e da entrega de cestas de alimentos e kits de higiene e limpeza. Ele conta que mesmo já tendo experiência de trabalhar com o público, foi desafiador e gratificante lidar com as pessoas numa situação de extrema fragilidade e necessidade: “para mim foi atravessador em muitos aspectos. Tinha dias que era impossível sair a mesma pessoa que eu era quando cheguei”. Para Marcos, era impossível não refletir sobre o quanto aquele território está abandonado pelo Estado.

O ator e escritor acredita que a Redes da Maré tem desenvolvido um papel importante de transformação do território em um lugar de direitos assegurados, e espera que com esse trabalho a Maré passe por menos danos, neste período difícil. Anseia pelo momento em que moradores e artistas da Maré possam retornar com segurança a ocupar o Centro de Artes da Maré e espera conseguir estar perto da família o mais breve possível. “Que consigamos usar nossa indignação para lutarmos por tempos melhores e que não fiquemos conformados”, finaliza.

 




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