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Camila Barros

Produzindo conhecimento e vivências


Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.

Camila Barros (33) é mãe do Arthur e Guilherme, assistente social, graduada e mestre pela Universidade Federal Fluminense e doutoranda na UFRJ - a primeira pessoa da família a ingressar em uma universidade pública. A moradora do Mutuá, em São Gonçalo, conheceu a Redes da Maré também em um espaço acadêmico, no Núcleo de Ensino e Pesquisa Sobre Favelas e Espaços Populares (NEPEFE) e em 2019 passou a fazer parte da equipe do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, onde hoje coordena a frente de produção de conhecimento.

“Qualquer produção de conhecimento só é válida se fizer sentido na realidade” é uma das reflexões feitas pela assistente social que acompanha e sistematiza a produção dos dados dos importantes Boletins Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça. Antes de vir para a Redes da Maré, Camila atuou na política de assistência social de São Gonçalo e Duque de Caxias e também no Centro de Cidadania LGBT de Niterói. Também teve uma relação muito próxima com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST, a partir de uma ocupação que aconteceu em São Gonçalo.

A primeira coisa que Camila relata que viu na Maré quando chegou aqui foi gente. “Muita gente!”. Comércio, crianças, moto, feira, “a favela nunca para. Todo o tempo tem uma diversidade de pessoas tentando ganhar a vida e sobreviver de diferentes formas”. E a possibilidade de aprender, produzir conhecimento a partir dessa realidade do território e conseguir mensurar resultados positivos, é o que motiva a pesquisadora no trabalho na Maré. “Acho que a política de segurança pública atravessa todas as outras políticas e todas as dimensões da vida de quem vive o cotidiano da Maré”, complementa, sobre a atuação com segurança pública no território.

No início da Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus Camila trabalhou nas ligações de agendamento para entrega de cestas de alimentos e kits de higiene e limpeza, e respondendo às demandas do canal do WhatsApp criado naquele momento para comunicação com os moradores; fez atendimentos presenciais no Centro de Artes da Maré, participou da entrega de cestas, das entrevistas sociais com as famílias. “A campanha me deu a possibilidade de conhecer outras Marés e ter a dimensão real dos impactos da pandemia, não só na saúde, mas em todas as dimensões da vida das pessoas”. Para Camila a campanha mostrou também o quanto o trabalho coletivo tem uma potência incrível e a Redes da Maré foi gigante neste processo.

Mas a maior parte da energia da tecedora foi dedicada à produção das mais de 34 edições do “Boletim De Olho no Corona!”, que apresenta dados e análises sobre o comportamento do vírus e impactos da pandemia no Conjunto de Favelas da Maré. “O processo do boletim talvez tenha sido um dos maiores desafios para mim. A pandemia é extremamente dinâmica e a produção de conteúdo também precisava ser”.

“Acho que mais para frente vamos poder colocar um marco da Redes antes e depois da campanha.” Para Camila, a Redes da Maré já era uma instituição de referência no planejamento e execução de diversas ações em favelas na cidade. A base comunitária e a metodologia que envolve produção de conhecimento, mobilização, atendimento e incidência política é o grande diferencial da instituição, de acordo com ela. Mas a pandemia e consequentemente as respostas que foram criadas para minimizar os impactos para os moradores, tornou a Redes ainda maior, não só no sentido de acessar um número maior de pessoas, mas de mobilização e de fortalecimento dos laços da instituição com o território.

 




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