Por Jéssica Pires
Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.
A motivação para trabalhar com Educação veio da referência de bons professores e da paixão pela língua portuguesa. A princípio não sabia muito bem como realizar o sonho de ser professora, mas ao acessar o pré vestibular, passou a entender as dinâmicas das provas e das universidades. “Meu desejo sempre foi (e ainda é) de contribuir para que a favela seja um local de oportunidades. Tenho muitos ex alunos alcançando novos rumos, se especializando, fazendo cursos técnicos, faculdade e isso me deixa muito feliz porque educação é um direito de todos, não só de alguns”. Para Aline, é muito significativo que as pessoas da Maré acessem esses lugares e possam sonhar e aprender.
Sobre os processos de aprendizagem, ela acredita que “a partir do momento que você entende as dificuldades e limitações do outro, você consegue estabelecer uma relação justa e horizontal. A Educação tem esse caráter, é preciso saber ouvir o que o outro diz”. Aline ainda destaca outra realidade bem presente na Maré: há muitas pessoas que não deram continuidade aos estudos porque precisaram trabalhar. “pensar o projeto EJA na Maré é dar acesso à Educação a esse público. É transformar a realidade dessas pessoas e, assim, do território”.
Na campanha ‘Maré diz NÃO ao Coronavírus’, ela trabalhou, inicialmente fazendo ligações para as pessoas que se inscreveram para o recebimento das cestas básicas. Depois, agendou a entrega dos cartões e a distribuição das cestas nas casas das famílias. “Foi um processo importante para mim, pois pude me doar e ser útil em um momento de muita vulnerabilidade social, por conta da pandemia”.
Para Aline, o que a organização realizou na pandemia foi incrível, pois muitas famílias não conseguiram nenhum auxílio do governo. “O trabalho da Redes, em todos os eixos de atuação, é de extrema importância para o desenvolvimento humano e territorial da Maré”.
O maior desejo da educadora para o momento é que o coronavírus possa ser controlado a partir da vacinação em massa e que as pessoas que perderam alguém tenham força para prosseguir. “Meu desejo para o nosso país é que possamos ter um governo que vise a melhoria na vida de todos os habitantes e que tenha empatia, respeito e um olhar atento à justiça e aos reais problemas sociais”.
Rio de Janeiro, 03 de agosto de 2021.
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