Na madrugada do dia 24/06, mais uma tragédia chocou os moradores do conjunto de 16 favelas da Maré, na zona norte da cidade: o menino Kauan Vitor da Silva, de apenas 11 anos de idade, foi atingido por um tiro disparado por um jovem na rua em que morava e morreu.
De acordo com testemunhas, Kauan foi atingido quando saiu de casa para pegar um copo de água na vizinha. Nesse momento, um jovem manuseava uma arma de fogo que, acidentalmente, disparou e atingiu a criança. Temos aqui, duas tragédias que se juntam: a morte de um menino e um jovem transformado em autor de um ato infracional porque teve acesso a uma arma de fogo, o que jamais poderia ter ocorrido.
Mais uma vez, famílias ficam destruídas por conta da violência armada que se perpetua e atinge principalmente crianças, adolescentes, jovens e negros nas favelas e periferias da cidade. Mortes como a de Kauan poderiam ser evitadas se o Estado garantisse o combate efetivo à circulação de armas de fogo e criasse condições para que crianças e adolescentes não fossem aliciados por redes ilícitas, promovendo a Proteção Integral, preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que em 2020 completa 30 anos.
Mais sonhos são interrompidos precocemente, deixando evidente que as vidas nas favelas correm riscos o tempo todo. Não é possível que aceitemos ou que naturalizemos esse estado de coisas. É preciso agir e desenvolver programas de atenção e proteção social para nossas crianças, adolescentes e jovens para que suas vidas sejam preservadas.
As infâncias das favelas têm muito valor e potência e precisam ser respeitadas, amadas e cuidadas, tanto quanto aquelas de outras partes da cidade.
Nos solidarizamos com a dor da família e amigos de Kauan Vitor da Silva e manifestamos nossa indignação diante de mais uma tragédia que se abate sobre as moradoras e os moradores da Maré.
Tecedoras e tecedores da Redes da Maré.
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