O território chamado Maré é um bairro localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro e constituído por 16 favelas e fica às margens da Baía de Guanabara. Se localiza entre as três principais vias de circulação da cidade: Av. Brasil, Linha Vermelha e Linha Amarela, e está próxima à Universidade Federal do Rio de Janeiro e ao Aeroporto Internacional Tom Jobim.


Ao longo da sua história, a Maré se tornou o conjunto de favelas mais populoso da cidade do Rio, onde vivem mais de 140 mil pessoas, nos mais de 47 mil domicílios, em uma área com menos de 4km². Com essa população, o bairro é o nono mais populoso da cidade e maior do que 96% dos municípios do Brasil.
Por margear a Baía de Guanabara, caracterizada primitivamente por vegetação de manguezal, a Maré começou a ser ocupada, em meados do século XX, por palafitas. Os manguezais, que sofriam os efeitos das marés, foram aos poucos sendo aterrados com entulhos de rejeitos de obras doados por bairros vizinhos. A Maré foi consolidada entre a década de 1940 e os anos 2000, a partir da organização e iniciativa dos moradores ou por programas habitacionais promovidos pelo poder público.


A maioria dos moradores é composta por mulheres (51%), pessoas pretas e pardas (62,1%) e jovens com menos de 30 anos (51,9%)


População com forte presença nordestina (18,3%)



61,8% dos moradores
vivem na Maré desde que nasceram


2,4% da população
teve acesso ao ensino superior


64,3% dos domicílios da Maré
são próprios


Fonte: Censo Maré

Seu território está disposto sobre uma faixa praticamente contígua à margem da Avenida Brasil, que se estende ao longo de favelas que já fizeram parte dos bairros de Manguinhos, Bonsucesso ou Ramos e que hoje constituem o bairro Maré. Reconhecidas, em conjunto, como bairro apenas em 19 de janeiro de 1994, por meio da Lei Municipal nº 2.119, as 16 favelas que compõem a Maré guardam diferenças entre si, muitas delas por conta da formação histórica que se sucedeu ao longo dos anos, tanto pela migração populacional quanto pelas tentativas de eliminação e remoções das favelas.
 

As localidades que compõem a Maré e o ano-base de constituição são, em ordem cronológica: Morro do Timbau (1940), Baixa do Sapateiro (1947), Marcílio Dias (1948), Parque Maré (1953), Parque Rubens Vaz (1954), Parque Roquete Pinto (1955), Parque União (1961), Nova Holanda (1962), Praia de Ramos (1962), Conjunto Esperança (1982), Vila do João (1982), Vila dos Pinheiros (1983), Conjunto Pinheiros (1989), Conjunto Bento Ribeiro Dantas (1992), Nova Maré (1996) e Novo Pinheiros (2000), esta última conhecida como Salsa e Merengue.

A Maré representa mais de 9% da população residente em favelas no município do Rio de Janeiro. Além disso, representa quase 21% de todos os residentes em favelas da Área de Planejamento em que está localizada, a AP3 (Zona Norte), região da cidade que possui o maior número de moradores em favelas. Pode-se afirmar que, de cada 46 moradores da cidade, um reside no conjunto de favelas da Maré. Portanto, a Maré enfrenta desafios e problemas dignos de uma cidade brasileira de médio porte.


Ausência de políticas públicas adequadas à realidade local, saneamento básico, coleta de lixo e transporte público deficientes, abordagens policiais violentas, poucos equipamentos públicos ou ainda a baixa qualidade dos serviços oferecidos por aqueles já instalados são alguns dos problemas vividos cotidianamente pela população da Maré.


Esses grandes desafios têm sido historicamente enfrentados com processos de mobilização, luta e organização, de moradoras e moradores, sobretudo a partir de demandas por estrutura e acesso a direitos. Alguns marcos que formaram o que é hoje a Maré:


A partir dos anos 1980: organização das Associações de Moradores

Eleições Associação de Moradores da Nova Holanda: Chapa Rosa

Criação de organizações da sociedade civil e coletivos, como a Redes da Maré

 

Fotos abaixo: Casa de Osvaldo Cruz

A Maré tem uma trajetória de engajamento social e a própria Redes da Maré é fruto dessa participação comunitária. Formada por moradores e moradoras que, desde a década de 80, buscavam a efetivação de direitos, a instituição foi formalizada em 2007 e tem como missão tecer as redes necessárias para efetivar os direitos da população do conjunto de 16 favelas da Maré. É uma organização que atua a partir de cinco eixos estruturais e tem como metodologia de trabalho: Mobilização de moradores e fortalecimento de atores locais; Incidência política; Articulação em rede e parcerias; Diagnóstico e produção de conhecimento.

Livros SOBRE O TERRITÓRIO




A Vida na Favela


Testemunhos da Maré 2ª Edição

Memória e Identidade dos Moradores de Nova Holanda


Percepção de Moradores sobre Segurança Pública


Articulação de Temas Essenciais à Educação na Maré


A Ocupação da Maré pelo Exército Brasileiro

Saiba mais sobre o território e sua população

 

 






 

Censos da Maré

 

 

Censo Populacional da Maré (2019)

O levantamento realizado em 2013 contou 139.073 moradores, distribuídos em 47.758 domicílios, utilizando o mesmo método de cobertura do Recenseamento do IBGE. A pesquisa abrange as características da moradia e das pessoas, tais como o acesso a serviços urbanos, a estrutura etária, o perfil escolar, a naturalidade, a situação conjugal e muitas outras.

VEJA O CENSO 2019 (PDF)




Guia de Ruas da Maré (2014)

O trabalho mapeou 815 logradouros, dos quais mais da metade não constava nas bases oficiais. O guia passou a ser usado por carteiros, agentes de saúde, conselho tutelar, assistentes sociais e até por oficiais de Justiça para se localizarem na região. 

Assim, a Maré foi colocada no mapa da cidade, garantindo todos os CEPs de suas moradias.


VEJA O CENSO 2014 (PDF)




Censo de Empreendimentos Maré (2014) Guia de referência para investidores e consumidores locais e de fora da Maré .

Esta fase do Censo contou 3.182 estabelecimentos comerciais na Maré e levantou informações sobre fornecedores, perfil dos clientes, instrumentos de crédito, qualificação técnica, composição da mão-de-obra, condições para funcionamento e expansão.

VEJA O CENSO EMPREENDIMENTOS (PDF)

 

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