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TESTEMUNHOS DE DENTRO • 7

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2024

Nas entrelinhas desses relatos, encontramos não apenas os danos materiais, mas as cicatrizes profundas deixadas pela violência na vida e no cotidiano dos moradores do conjunto de favelas da Maré.

Logo no início da manhã desta terça-feira, 30 de abril, um morador de 44 anos, nos relatou um testemunho angustiante de um homem encurralado pelo medo. Buscando refúgio em seu estabelecimento comercial, na tentativa de não ser atingido por um intenso tiroteio, ele nos conta como se protegeu dos disparos de arma de fogo que danificaram sua padaria. Ainda que este homem repare os danos materiais, a visão de um projétil cortando o ar, a ameaça iminente, são imagens que jamais se apagarão de sua mente.

Outra moradora, de 55 anos, junto aos seus dois filhos, um deles portador do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), despertaram ao som aterrorizante de tiros criando uma sinfonia de terror que continuará ressoando em suas memórias. A geladeira, símbolo de estabilidade e conforto, agora é uma testemunha silenciosa desse dia de horror. A moradora estava pagando a segunda parcela da geladeira e agora pagará pelos danos provocados por quem deveria protegê-la.

Os relatos acima, são fragmentos de uma ferida aberta que os moradores revisitaram no dia de hoje. Em cada domicílio atingido, cada parede marcada por tiros, cada objeto danificado, ecoa o grito de uma comunidade que clama por paz e segurança. As histórias individuais se entrelaçam, formando uma colcha de retalhos de dor e resiliência, onde cada fio representa uma vida afetada por uma violência impiedosa.

Que esses testemunhos não sejam apenas palavras escritas, mas uma maneira de sensibilizar uma outra forma de se fazer política de segurança pública para e nas favelas da Maré. Com isso, por trás de cada violação sofrida, há rostos e histórias que merecem ser ouvidas e respeitadas. Assim, buscamos um futuro onde a paz seja mais do que um sonho distante, mas uma realidade que alcance os moradores da região. Somente juntos podemos construir uma ideia de futuro onde a violência seja apenas uma memória distante, e a esperança, uma realidade tangível para todos.

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