O Maré a Céu Aberto apresenta um percurso que passa por cinco pontos considerados relevantes dentro das 16 favelas da Maré. Nesses locais foram instaladas obras de arte permanentes, além do que chamamos de estações de memória. Aqui temos um pouco da história do lugar e também depoimentos dos moradores.
O projeto destaca as favelas da Maré a partir da força e da potência, que é a marca dessa população. Espaço urbano em constante renovação, a favela se mostra a partir da inventividade, da resiliência, da mobilização e da arte.
O Maré a Céu Aberto nasceu da vontade de contar a história das favelas a partir de seus 140.000 habitantes e reforçar suas formas de viver e construir suas identidades.
Essa iniciativa vem sendo pensada faz muitos anos dentro da Redes da Maré, e aqui toma corpo através do trabalho da Azulejaria e do Núcleo de Memórias e Identidades da Maré – NUMIM.
A partir das memórias dos adultos, dos desejos das crianças, de diferentes pessoas e grupos, o projeto foi realizado através de um grande processo colaborativo, que combina história, memória e arte contemporânea instalando-se nas praças, ruas e fachadas do bairro.
Maré a Céu Aberto é demarcação, possibilidade de encontro, proteção, corpo e escultura.
Os cinco pontos são só o início... Como um museu de território, todo mundo faz o museu. O museu é todo mundo.
Artista: Letícia Felix
A proposta do Maré a céu aberto é riquíssima, principalmente por respeitar o olhar do morador antes de qualquer intervenção. Eu, moradora, tomei como inspiração uma das características mais expressivas da praça, o nordestino. A praça é tomada pelo forró nos fins de semana. Há muitos nordestinos na Maré e vêm muitas pessoas de fora para prestigiar os shows, atrações e afins. Com isso pensei em fazer da fachada um painel com alguma referência do sertão nordestino - imagem que facilmente quem passar por lá vai entender. Escolhi cores fortes para chamar atenção, pois não é um ponto de parada e sim de passagem.
Artista: Arcasi
Nossas raízes são múltiplas, profundas, antigas.
São elas que nos mantém fortes, entrelaçadas umas com as outras, envolvidas pela terra. O projeto enraizadas
foi o encontro com as mulheres em formação no curso de Alfabetização de Jovens e Adultos (EJA) ofertado na Casa das Mulheres, no Parque União, para a partilha de memórias de poder, cura e resistências a partir do conhecimento das plantas presentes no território e produção livre de desenhos e pinturas que compõem o mural na Rua da Paz.
Artista: Prili
Convidamos as crianças que frequentam a biblioteca e as oficinas de azulejaria da Redes da Maré a desenhar bichinhes que já habitaram, habitam ou poderiam habitar a Maré. Surgiram as tartarugas da feira, dinossauros, o tejú da Teixeira, cachorro, tubarão, barata, polvo, aranha, girafa, joaninha, gato, os caranguejos na Avenida Brasil... A partir desses desenhos, quatro bichinhes viraram escultura escalável e outres oito subiram o mural. Carlos foi o responsável por fazer as delicadas formas de madeira preenchidas com concreto armado e pintamos com as crianças os azulejos para revestir es Bichinhes com olhos, patas, guelras e frases e desenhos do processo. Dino, Tuba, Tejú Bochecha e Joaninha, cada bichinhe com sua cor, na sombra ou no sol, habitam agora a praça.
Artista: Gustavo Gustavo
A Lona Cultural da Maré foi o lugar de encontro. Ali cultivamos a base com conversas, brincadeiras, oficinas de desenho, lanches, trocas de afeto importantes para a caminhada até a Redes da Maré. Subimos as rampas correndo e no ateliê refletimos, compartilhamos dúvidas, desejos, aprendemos e pintamos azulejos. O forno queimou o azulejo à 800º e agora o desenho não sai mais. Vamos colar os azulejos nas nossas ruas,onde todos nós podemos ver. E no muro da lona, onde nos ligamos. E na praça do 18, onde todos voltam a se encontrar.
Artista: Prili, Márcia Queiroz, Laura Taves e as crianças
O Mural da Mata brota a partir das oficinas de azulejaria da Redes da Maré. Foram passeios pela favela observando as sombras das árvores, mudanças de temperatura e também a memória afetiva das plantas que temos em casa. “Quando a gente pensa em natureza a gente pensa na Mata Ecológica.“ Recentemente muita coisa linda aconteceu na Mata: o espetáculo da Cia Marginal - Hoje não saio daqui - com a participação das crianças da vizinhança e a oficina Travestir em Floresta com direito a desfile! Venha visitar se quiser um lindo pôr-do-sol na mata.
Laura Taves
Edson Diniz
Isabella Porto
Tereza Onã
Angélica Ferrarez
Karla Rodrigues
Davi Figueiredo
Ernani Alcides A. da Conceição
Thaís de Jesus
Laura Taves
Márcia Queiroz
Mariane Rodrigues
Camila Oliveira
Serge Makanzu Kiala
Keyna Eleison e Laura Taves
Paula Delecave
Carlos André Nascimento Silva
Raphael Borsari
Carlos Miranda Chagas
Claudio Miranda Chagas
Sr Manoel Pereira
Lucas Silva de Araújo
Daniele Moura
Carolina Aleixo
Douglas Lopes
Às 16 Associações de Moradores da Maré, aos entrevistados, às griots, as crianças, jovens e moradores e moradoras da Maré, à Wallacy Coelho e à todos os tecedores e tecedoras da Redes da Maré, em especial as equipes da Biblioteca Lima Barreto, Lona da Maré e Espaço Normal.
Ao longo de 2019, a partir da união do trabalho das equipes da Azulejaria e do Núcleo de Memórias e Identidades da Maré - NUMIM, o projeto se desenvolveu através de uma série de ações complementares. Seu lançamento se deu em forma de um "aulão aberto", para moradores e moradoras, com Ailton Krenak, Mãe Celina de Xangô, Keyna Eleison, Paulo Knauss e Ernesto Neto. Em seguida, houve atividades de pesquisa, entrevistas e aulas de campo, além de oficinas de azulejaria e de artes com crianças, jovens e adultos, aliados na produção das intervenções artísticas e das estações de memória, em cinco pontos da Maré.
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