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João Pedro, mais uma vida interrompida pela violência policial

O adolescente João Pedro, 14 anos de idade, brincava com os primos na casa de sua família no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, quando homens pularam o muro e saíram pelos fundos. Policiais os seguiram.

O que aconteceu depois, segundo as testemunhas, é simplesmente estarrecedor e absurdo. Policiais jogaram uma bomba de efeito moral e entraram na casa atirando. Os jovens que estavam com João Pedro se jogaram no chão e gritaram que ali não havia criminosos. Mesmo assim, o menino foi atingido por um tiro de fuzil no abdômen.

O que autoriza a polícia a agir de maneira tão violenta e cruel?

A autorização vem de uma política de segurança que tem por base o uso da violência como arma contra os mais pobres, moradores de favelas e negros. Cabe lembrar que ações desse tipo se repetem diariamente nas favelas e periferias do estado.

Na sequência dos fatos, os familiares de João Pedro foram impedidos de entrar em casa pelos policias e quando conseguiram, o menino já havia sido retirado e levado por um helicóptero da própria polícia. O mais grave é que a família sequer foi informada para onde o menino foi levado, ficando 17 horas sem nenhuma notícia. Por conta própria, os familiares descobriram que o corpo do adolescente João Pedro estava no IML.

O desrespeito, o descaso e a barbaridade presentes nesse assassinato choca. É como se as vidas dos mais pobres, favelados e negros não tivessem importância e, por isso, pudessem ser eliminadas instantaneamente. Sem remorso, sem culpa.

A polícia, que no ano passado matou 1.810 pessoas, interrompeu mais uma vida. Mais um adolescente negro pagou caro pela ação violenta de policiais que acreditam estar acima das leis por estarem na favela.

Não podemos aceitar que mais esse crime fique impune e muito menos naturalizar o fato de mais uma família chorar a morte de um de seus filhos. É preciso responsabilizar os envolvidos e puni-los de forma exemplar. É preciso ainda que o governador do estado do Rio de Janeiro seja responsabilizadopor sua política de verdadeiro extermínio dos jovens negros.

Repudiamos a violência do Estado e nos solidarizamos com a família de João Pedro nessa hora tão dolorosa e difícil.

Redes da Maré.

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